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A igreja é composta por três naves divididas por colunas. Do lado esquerdo existe um púlpito com pinturas representativas dos evangelistas. Este púlpito tem um formado de um cálice octogonal.
No altar-mor existe um crucifixo tendo por debaixo a imagem da Senhora da Piedade com o seu filho morto no colo. As paredes laterais deste altar são compostas por painéis de azulejo, representando a parede do lado direito a Ascensão de Nossa Senhora aos Céus e a do lado esquerdo a Anunciação à Virgem. Ainda na parte superior de cada um destes painéis, podem ver-se quadros com pinturas do século XVI e de grande valor, sendo que fazem parte de uma colecção de cinco, estando os outros três colocados noutros locais da igreja.
Ladeando o Altar-mor, há dois altares colaterais. O do lado esquerdo é a Capela de S. Pedro e o Altar do Santíssimo. A sua parede do fundo é coberta de azulejos pombalinos e dos lados são azulejos hispano-árabes. Vê-se ainda painéis de azulejos representando o aparecimento de Cristo ressuscitado e o encontro de Cristo com a Sua mãe, respectivamente do lado direito e esquerdo da capela. Ao fundo, está dependurado um dos valiosos quadros pintados do séc. XVI representando o Calvário no Monte das Oliveiras. Pode ainda ver-se uma estatueta de S. Pedro.
Quanto à capela do lado direito, é dedicada a S. Quintino e aos seus martírios. Todos os painéis e elementos figurativos desta capela, são alusivos aos martírios a que este Santo foi sujeito. Entre muitos outros elementos, pode ver-se na sua cúpula, ao centro, a representação de duas espécies de espadas cruzadas, que são alusivas aos ferros com que o martirizavam. A sua imagem está colocada ao meio do altar, tendo do seu lado esquerdo a imagem de S. Sebastião e do lado direito, a de Stª. Luzia.
É de notar que existe ainda do lado esquerdo das capelas centrais, uma outra capela que já teve várias alterações e à qual chamam de momento, Altar de Santa Maria.


Jamais se conseguirá desvendar o mistério do porquê de uma igreja deste calibre, neste local tão desabitado e dedicado a um santo que nem sequer era português. Sabe-se contudo que a morte deste mártir ocorreu entre o dia 31 de Outubro e 1 de Novembro, e no ano incerto compreendido entre 282/287 D.C.
Resta ainda acrescentar que todo este rico património está um tanto ou quanto votado ao abandono por parte das entidades competentes para o seu restauro. O tecto está bastante danificado. O local do coro, com o seu órgão de tubos de grande valor e beleza, está completamente ao abandono. E as infiltrações vindas do chão, são mais que muitas. Se não houver uma intervenção urgente a fim de travar as danificações graves, rapidamente veremos perdido um monumento que nos dias de hoje seria impensável construir, de uma grande beleza, e que constitui uma grande riqueza do nosso património nacional.
Lourdes Henriques
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