Quando
em criança brincava com as amiguinhas da escola lembro-me de muitas
vezes dizermos que “vou-te contar um segredo mas não contes a
ninguém”. Passado pouco tempo esse “segredo” confidenciado já
era
público e tinha portanto deixado de o ser.
Mais
tarde na juventude, aluna de liceu e depois jovem empregada de
escritório, também essa frase era pronunciada muitas vezes em
conversa e confidenciando com amigas especiais. E tantas vezes, tal
como na infância, passado pouco tempo o “segredo” tinha-se
também tornado público.
Mas
afinal o que será mesmo o SEGREDO?
Os
setenta anos da minha experiência de vida ensinaram-me que o
“segredo” é algo mais do que imaginamos nos verdes anos. Na
minha modesta opinião e de acordo com o meu sentir e vivência, o
“VERDADEIRO SEGREDO” é algo muito pessoal que apenas partilhamos
com o nosso “EU”. A partir do momento em que o contamos a alguém,
ainda que esse alguém seja íntimo muito especial na nossa vida,
deixará de ser segredo, pois haverá sempre a probabilidade de um
dia esse alguém violar a promessa de “saber e calar”, por vezes
até mesmo distraidamente sem qualquer intenção de maledicência. A
palavra “partilha”, por si só, já define o “não segredo”.
Para mim, o verdadeiro segredo é algo do nosso íntimo que
desejamos, com que sonhamos, por vezes até algum sofrimento oculto
que não queremos ou não conseguimos, por falta de coragem, revelar
a ninguém. Quando há necessidade de falar com alguém, deitar cá
para fora o que nos vai na alma, poderemos chamar de confidência,
desabafo, partilha, mas a partir desse momento deixará de ser
segredo.
E
estou apenas a referir-me ao segredo do ser humano como pessoa
individual, cada pessoa no seu “EU”.
Mas
há ainda outro tipo de segredos como por exemplo os “segredos de
estado”, os segredos de “grupos” ou “instituições”.
Quanto
a esses segredos considero-os muito relativos, pois sempre ouvi dizer
que “quando se zangam as comadres, descobrem-se as verdades”. E
quando dentro desses grupos a que acabo de me referir acontecem
opiniões divergentes, desavenças, interesses próprios, por vezes
as pessoas quebram o sigilo por vingança, inveja, em suma, por má
formação moral (o ser humano é falível e quando as coisas não
lhe agradam, na maior parte das vezes perde a compostura), aí
esquece-se o compromisso do silêncio e lá vai o segredo por água
abaixo. E tal como na minha infância e juventude, o segredo passou a
ser público…
Mas
reconheço… quantas vezes com que relutância essa partilha com o
nosso “EU” será difícil de aceitar por nós próprios!...
Lourdes Henriques
Olá querida amiga Lourdes,
ResponderEliminarSEGREDOS! quem os não tem! São na realidade algo muito pessoal, muito íntimo, só nosso.
No entanto, se sentirmos necessidade de os partilhar com alguém, há que ter muita confiança na pessoa em questão.
Sempre ouvi dizer que, uma amiga tem amiga, outra amiga, amiga tem,e às duas por três, o que era um segredo, passa a ser do domínio publico.
Conheço uma pessoa que costuma dizer: "se é segredo não contem a mim", e não é a brincar que o diz, é verdade.
Pelo menos é sincero, não engana ninguém.
Por tudo o que já foi dito,pelo sim, pelo não, o melhor é guardá-los lá bem no fundo do nosso baú, não vá o diabo tecê-las.
Gostei muito da abordagem que fez ao tema.
Obrigada por partilhar.
Receba um beijinho grande desta sua amiga
Rosa Santos.