
Começo por dizer que nasci em lisboa, Alcantara em 1934!
Vi o início da construção do viaduto Duarte Pacheco, ainda me lembro de ver os arcos em cofragem, em madeiras.
A ribeira de Alcântara, conhecido como caneiro de Alcantara, corria a céu aberto entre muros de pedra seca, talvez com uma largura de três metros. Ao encanarem e cobrirem de betão deu lugar à actual avenida de Ceuta.
Lembro-me da inauguração do viaduto.Tinha uns dez anos. Nesse dia o então Presidente da República, Marechal Carmona andou a pé sobre ele.
Aos treze anos fui trabalhar para o Largo do Calvário como aprendiz de mecânico de automóveis. Ganhava-se pouco. Mantive-me aí até aos 18 anos.
Mais tarde, nas horas vagas consegui ganhar uns escudos extra trabalhando no ministério dos negócios estrangeiros, no Palácio das Necessidades, como mecânico.
Deixei o esse emprego em busca de melhor e comecei a trabalhar como mecânico de geradores na zona do conde barão. Um pouco melhor financeiramente!
A minha inquietação levou-me até Bragança. Estavamos na era do volframio e durante cerca de ano e meio permaneci “enterrado vivo” nas minas da Ribeira. Descíamos o sol ainda não aparecera por completo e mergulhava a uma profundidade de 120 metros regressando quando o sol já se tinha posto.
A luz era mortiça vinda dos gasómetros alimentados de carbonete.
Regressei ao Conde Barão e aí me mantive até 1974.
A proximidade do Tejo, as partidas e chegadas, a instabilidade do país despertaram-me o desejo de aventura.
Rumei aos países árabes. Arábia Saudita, Egipto, Jordania e outros mais.
Trabalhei no deserto, comi as areias secas.
Foi uma aventura! Sem falar qualquer língua que não a minha, valeu-me a mímica e o eterno desenrascanso de português.
Histórias desses tempos foram muitas! Um dia conto.
Muitas vezes, com o deserto a meus pés, olhando um infinito árido recordava a família, o país, a minha filha que deixara criança de sete anos.
Pelo menos uma vez por ano vinha a Portugal. Foram dez anos!
Quando regressei fui trabalhar como mecânico de máquinas agrícolas para a Quinta de S. João, onde me reformei.
Já tinha ligações ao Sobral, casa em Martim Afonso, onde vivo ainda hoje.
António Assunção (Sobral-Biblioteca)
Sr. António gostei muito do comentário que fez sobre as suas aventuras. O sr. é um homem de coragem e tem uma história de vida muito bonita. Admiro-o muito , pela coragem que tem, de aos 74 anos frequentar aulas de informática, como diz o ditado "Nunca é tarde para aprender".
ResponderEliminarMariana Luís
Sr, António gostei muito da sua participação talvêz por tambêm ser mecânico e por ter conhecido bem a auto conde barâo.Tambêm estive tentado a emigrar para a Venezuela, não o fiz porque na altura meu pai adoeceu gravenente.
ResponderEliminarContinue participando Carlos Santos